O Banco Mundial suspendeu, na semana passada, a publicação do relatório “Doing Business”, que avalia anualmente o ambiente de negócios de 190 países, e admitiu que uma série de irregularidades foram reportadas em relação aos relatórios publicados em outubro de 2017 e 2019. No ano passado, o “Doing Bussiness 2020” já havia causado suspeição da Unafisco Nacional quanto à metodologia aplicada em relação aos dados referentes ao Brasil. 

De acordo com o material publicado em 2019, o relatório estimava que as horas gastas pelas empresas brasileiras para o cumprimento de suas obrigações tributárias caiu 25%, de 1.958 (2018) para 1.500 horas (2019). Esses números são muito altos se comparados a pesquisa encomendada pela Receita Federal à Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), em 2016, que indicava 600 horas anuais.

Em nota divulgada para a imprensa, o Banco Mundial informou que está conduzindo uma revisão sistemática das alterações de dados que ocorreram após o processo de revisão de dados institucionais nos últimos cinco relatórios do “Doing Business”. A organização também afirma que está sendo realizada uma auditoria interna independente sobre os processos de coleta e revisão de dados para o “Doing Business” e dos controles para salvaguardar a integridade dos dados. Ainda segundo a nota, o Banco Mundial diz que tomará ações com base nas constatações e corrigirá retrospectivamente os dados dos países mais afetados pelas irregularidades.

Na ocasião da publicação do “Doing Business 2020”, a Unafisco Nacional considerou que “o retrato apresentado pelo relatório do Banco Mundial é uma ficção e baseada apenas em dados, em formulários preenchidos por escritórios de tributaristas e analisados por uma agência de consultoria tributária PwC”. Além disso, não há uma adequada checagem a respeito da informação inserida nos relatórios.