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Numa época distante, as ruas foram tomadas pelas geniais composições do carioca Noel Rosa (1910–1937). Até hoje, depois de tanto tempo, ninguém esquece que “sambar é chorar de alegria”, como ele escreveu em Feitio de Oração. Nem sai da memória que “o apito da fábrica de tecidos vem ferir os meus ouvidos, eu me lembro de você, mas você anda bem zangada.” A fábrica que ingressa no cotidiano é absorvida pela cultura popular, como bem sabe o associado Adriano Brandão de Oliveira, de Juiz de Fora/MG.

“Noel Rosa e a transformação da canção: travessias na modernidade” foi o tema da dissertação de mestrado de Brandão. Segundo ele, “as marchinhas são eternas e sempre tiveram a função de crônica, abordando as questões sociais contemporâneas.”

O envolvimento acadêmico com as tradicionais músicas de carnaval motivou o colega a compor as próprias marchinhas e participar de competições. Neste ano, sua canção O baile foi campeã do 1º Concurso de Marchinhas de São João del Rei.

Em Juiz de Fora, Brandão participa do Concurso de Marchinhas Carnavalescas desde 2012. Logo na estreia venceu com Trombetas de Salim (ouça aqui). Neste ano, o cantor selecionado pelo colega, para dar voz à sua composição intitulada Já dizia o meu guru, ganhou o prêmio de melhor intérprete. O filho do colega, Juan, segue caminho idêntico, ao ser finalista com Nau em Alto Mar.

Adriano Brandão, que é lotado na DRF de Juiz de Fora, pensa na possibilidade de entrar num grupo acadêmico voltado à música. Entretanto, o colega sabe que os livros não bastam. O início de tudo é revelado pelo próprio Noel Rosa: “o samba na realidade não vem do morro, nem lá da cidade, e quem suportar uma paixão, sentirá que o samba então, nasce do coração.”