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“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”, teria dito Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista. Esta é justamente a fórmula das notícias falsas (fake news). Com objetivos definidos, muitas vezes delineados por grupos “acima de qualquer suspeita”, esse tipo de mensagem é lançado na internet, TV, rádio e impressos para destruir a reputação de um inimigo, queimar um concorrente e assim por diante.

O pior é que andam investindo pesado na falsidade. Estudos da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (DAPP/FGV), divulgados em agosto do ano passado, revelam que robôs disparam notícias falsas a cada dois segundos no mundo. Tal desempenho acaba por atingir 21% das redes sociais.

No Brasil, os estragos da maledicência em massa já são bem visíveis. Tão logo houve o assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (Psol), em 14 de março, uma avalanche de fake news sobre o ocorrido começou a circular nas redes sociais. Até o dia 18 do mesmo mês, a advogada do partido havia recebido 11 mil denúncias de notícias falsas, conforme divulgado no jornal O Estado de S. Paulo. Criaram até um site para combater as difamações.

Em Porto Alegre/RS, a exposição Queermuseu: cartografias da diferença na arte brasileira chegou a ser cancelada porque fake news divulgaram que o evento era “apologia à pedofilia e zoofilia.” Dos 778 mil tweets publicados na época sobre o tema (por volta de setembro de 2017) 8,69% foram feitos por robôs a serviço do mal.

Reforma da Previdência. Nem sempre a mentira aparece facilmente. Às vezes o poder destrutivo está na omissão de um detalhe, que faz toda a diferença do mundo. Nesse sentido, um dos casos mais emblemáticos se encontra no estudo do governo em prol da reforma da Previdência. Conforme apontado pela Unafisco Nacional em nota técnica, o governo fez uma barbeiragem inacreditável na tentativa de justificar a aposentadoria aos 65 anos no Brasil. Disse que tinha de ser 65 porque a aposentadoria nos países da OCDE é de 64,5 anos. No entanto, omitiram um dado de extrema relevância: o da expectativa de vida saudável. Nos países da OCDE esta expectativa é de 71,5 anos, ao passo que no Brasil é de 65,5 anos. É preciso dizer mais alguma coisa?

À medida que se aproxima o período eleitoral, o tema vai esquentando. O Projeto de Lei do Senado 473/2017, de 8 de dezembro de 2017, imputa detenção, de seis meses a dois anos, e multa, para quem divulgar notícia que sabe ser falsa e que possa distorcer, alterar ou corromper a verdade sobre informações relacionadas à saúde, à segurança pública, à economia nacional, ao processo eleitoral ou que afetem interesse público relevante.

Na Câmara há o Projeto de Lei 6812/2017, que dispõe sobre a tipificação criminal da divulgação ou compartilhamento de informação falsa ou incompleta na rede mundial de computadores e dá outras providências. Segundo o texto, o descumprimento acarretará a aplicação de multa de R$ 50 milhões para cada evento às empresas responsáveis pela divulgação, que não apagarem em até 24 horas as publicações de seus usuários veiculadores de notícias falsas, ilegais ou prejudicialmente incompletas.

Mais do que nunca, é fundamental desenvolver a capacidade de discernir a notícia verdadeira da falsa. Absorva o noticiário com muita atenção e critério. Relacione o conteúdo com dados pertinentes que envolvam o tema, o que revelará contradições em alguns casos. Tenha curiosidade e disposição para checagem dos fatos, na medida do possível. Lembre-se de que notícias não dão em árvores. Alguém as produz com uma intencionalidade. Cabe a você se livrar das pegadinhas para não compartilhar conteúdo suspeito. Quanto mais agirmos assim, menos espaço daremos para as fake news.