Funcionários públicos, aposentados e pensionistas fazem parte do grupo de alvos preferidos de quadrilhas de criminosos especializadas na prática de um crime cada vez mais comum: o golpe do falso empréstimo consignado.

O consignado, como sabemos, é um tipo de empréstimo que desconta o valor da parcela diretamente do contracheque, holerite ou benefício previdenciário. Ele costuma ser oferecido para funcionários públicos, aposentados e pensionistas, e normalmente tem condições mais vantajosas que outras linhas de crédito, por causa do baixo risco de inadimplência.

Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os golpes contra clientes de bancos, incluindo falsos empréstimos consignados, cresceram 165% no primeiro semestre de 2021, em comparação ao mesmo período de 2020. A Febraban destaca que entre os alvos dos criminosos estavam idosos e pessoas que, antes da pandemia e do isolamento social, não eram tão familiarizadas com operações financeiras no ambiente virtual.

Diante desse cenário, a Unafisco Nacional, preocupada com a segurança de seus associados, lista abaixo os tipos de golpe mais comuns utilizados pelos criminosos. Também apresentamos dicas importantes para evitá-los e o que fazer caso tenha sido vítima de um deles.

Diferentes golpes, mesmas estratégias. Apesar de os golpes aplicados serem diferentes, as quadrilhas repetem padrões. Elas entram em contato com suas vítimas por telefone, e-mail, SMS, WhatsApp ou Telegram, passando-se por funcionários de instituições financeiras ou de órgãos oficiais do governo.

Golpes mais comuns

Empréstimo com depósito antecipado: Os criminosos oferecem empréstimo consignado com condições muito vantajosas (juros baixos, valor alto de empréstimo aprovado, entre outras vantagens). Assim que a pessoa demonstra interesse pela oferta e decide contratar o empréstimo, os golpistas solicitam que seja feito um depósito antecipado para que o valor seja liberado.

Solicitação de dados pessoais: Eles também pedem dados pessoais e bancários das vítimas, incluindo, às vezes, fotos. Os farsantes alegam que precisam dessas informações para liberar o empréstimo consignado com condições especiais. Em algumas ocasiões, dizem que a conta sofreu tentativa de acesso ilegal e precisam confirmar os dados por segurança. Caso sejam bem-sucedidos no golpe, usam as informações para abrirem contas fraudulentas e, assim, solicitarem empréstimos e cartões de crédito.

Portabilidade do consignado. Os criminosos conseguem informações de clientes de bancos que já possuem empréstimos consignados ou que têm direito a solicitarem. De posse desses dados, entram em contato com as vítimas passando-se por funcionários de uma consultoria financeira e prometem a portabilidade de um empréstimo consignado ou redução da parcela do contrato já firmado, com condições mais favoráveis.

Uma vez que os criminosos conseguem ludibriar suas vítimas, enviam aos clientes um documento chamado “Cessão de Crédito”, para ser preenchido, assinado com reconhecimento de firma e devolvido à suposta consultoria financeira. Até motoboys são usados no golpe!  Com este documento, os criminosos realizam um novo empréstimo na conta bancária do cliente e pedem a ele que transfira o valor para a conta da empresa fraudadora. Alegam que o procedimento é necessário para quitar o empréstimo anterior e liberar o novo em melhores condições. Quando a vítima não possui empréstimo consignado anterior, os criminosos prometem uma bonificação de 10% do valor do novo contrato. Ou seja, o cliente, em teoria, recuperaria integralmente o dinheiro do empréstimo liberado no seu banco com acréscimo de 10% sobre o valor.

Como evitar cair nesses golpes

De acordo com a Febraban, não existe nenhum tipo de empréstimo em que a pessoa precise fazer qualquer tipo de pagamento antecipado, seja de impostos, taxas de cadastros ou antecipação de parcela.

Além disso, os bancos não têm como padrão efetuar ligação para o cliente pedindo senha, número do cartão ou transferência. Receber contato com este tipo de solicitação deve ser um grande, um enorme, um imenso sinal de alerta, por assim dizer.

SPAM. De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança, outra dica valiosa é nunca fazer nenhum tipo de contratação pelo telefone, e-mail, SMS, WhatsApp ou Telegram. Nunca clicar em links enviados eletronicamente, mesmo que os remetentes pareçam ser bancos em que o cliente realmente tenha conta.

Se o cliente desejar fazer um empréstimo consignado deve ir à agência bancária ou usar os canais eletrônicos oficiais (sites e aplicativos) da instituição financeira. Se estiver em dúvida sobre quais são estes canais, entre em contato por telefone com sua agência.

Caiu no golpe? Saiba como proceder

O consumidor deve, em primeiro lugar, entrar em contato com o banco ou financeira no qual ocorreu o débito do empréstimo consignado. Deve pedir a suspensão imediata do empréstimo e solicitar todas as informações do contrato. É importante exigir o protocolo da ligação.

O segundo passo é fazer registro de boletim de ocorrência em uma delegacia de polícia ou mesmo em sites de delegacia on-line. Quanto mais documentos comprovarem a fraude, mais chance haverá de a investigação policial ter andamento.

O terceiro e último passo é recorrer aos órgãos de defesa do consumidor para fazer a queixa e pedir orientação sobre como ingressar com ações judiciais para solicitar ressarcimento em relação aos valores que ficaram com os criminosos, bem como indenização relacionada a danos morais. Os canais podem ser o site do Consumidor.gov; órgão de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon); e Ministério Público. O Banco Central (Bacen) também disponibiliza serviço de registro de reclamações contra instituições financeiras através do telefone 145 ou pelo site do Bacen.  Junte todas as provas possíveis, desde o primeiro contato dos criminosos, incluindo troca de mensagens e documentos enviados.